EM 1977 PAULO FRANCIS DENUCIOU DESVIU NA PETROBRAS.

O jornalista Franz Paul Heilborn, que assinava sua coluna nos jornais e se apresentava na TV como Paulo Francis, morreu menos de um mês depois de ser informado por seus advogados de que não tinha como se defender no processo movido pela Petrobras na corte de Nova York. Como havia acusado sem provas, baseado em fontes que não podia revelar, entrou em depressão e sofreu um estresse que causou sua morte por um ataque cardíaco, segundo revelou sua mulher, a jornalista e escritora Sonia Nolasco.
 
A lembrança de sua denúncia vem agora assombrar antigos dirigentes da empresa petroleira e colocar a imprensa brasileira diante de um dilema: se persistir em circunscrever o escândalo aos fatos recentes, datando o processo a partir do ano 2013, o noticiário ficará marcado pelo partidarismo e a manipulação. Se for investigar as origens do escândalo, completando a pauta levantada por Paulo Francis há 17 anos, terá que reconhecer que a corrupção na Petrobras tem raízes mais profundas, e estará aberto o caminho para uma operação de larga escala contra a roubalheira. O ponto de partida dessa pauta é sua afirmação de que, em 1997, diretores da Petrobras engordavam contas bancárias na Suíça com dinheiro de propinas obtidas na compra de equipamentos.
 
O escritor e colunista Carlos Heitor Cony já havia feito pelo menos duas referências à sua história, em março e setembro deste ano (ver aqui e aqui), na própria Folha, mas nenhum jornal teve interesse em revisitar o passado. Cony e outros jornalistas que trabalharam com Francis, como este observador, sabiam que ele não era um repórter investigativo, mas tinha fontes poderosas. Os fatos que agora vemos expostos nos jornais demonstram que sua denúncia tinha fundamento, Paulo Francis. É o que alguns amigos do jornalista acreditam desde que um infarto o matou, aos 66 anos, em 4 de fevereiro de 1997, em seu apartamento no East Side, em Nova York.


Na época, o comentarista da Globo estaria abalado emocionalmente por ser réu em um processo movido por diretores da Petrobras. A indenização exigida era de 100 milhões de dólares.


No ano anterior, durante uma edição do Manhattan Connection, então produzido para o canal GNT, Francis afirmara que o alto comando da empresa praticava corrupção e que vários de seus dirigentes mantinham dinheiro de propina em contas na Suíça.


Amigos fizeram o possível para livrar o jornalista da guerra judicial. Chegaram a apelar ao então presidente Fernando Henrique Cardoso, que tentou, em vão, convencer os diretores da Petrobras a desistir da ação.


Ontem à noite (domingo, 23), 17 anos depois da morte de Paulo Francis, dois de seus amigos mais próximos fizeram uma espécie de desagravo no mesmo Manhattan Connection, agora exibido no canal GloboNews.


Lucas Mendes, que dividia bancada com ele na TV e foi um dos primeiros a chegar a seu apartamento e encontrá-lo morto, lembrou que os crimes agora comprovados pelas investigações da Operação Lava Jato coincidem com as acusações lançadas por Francis.


Diogo Mainardi, pupilo de Francis e considerado seu sucessor como polemista, foi mais enfático: sugeriu que a pressão psicológica do processo pode ter contribuído para o infarto do jornalista. “Ele ficou muito perturbado”, lembrou.


Na edição do Manhattan Connection no domingo anterior (dia 16), Mainardi já havia se manifestado sobre o assunto, lamentando que Paulo Francis não esteja vivo para assistir ao desmonte do esquema de corrupção na Petrobras.

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